Ceres é uma Deusa Romana, filha de Saturno e Ops. Saturno, Deus do Universo, havia recebido a profecia de que um dia um de seus filhos lhe tomaria o poder e, para não correr este risco, ele exigia que Ops entregasse seus filhos, assim que nasciam, para que fossem engolidos por ele. Portanto, assim que Ceres nasceu, foi engolida pelo seu pai. Mas quando Ops teve Júpiter, ao invés de entregá-lo a Saturno, entregou uma pedra embalada como um bebê, e Saturno o engoliu. Mais tarde, Júpiter liberta seus irmãos e dá-se início à Guerra dos Titãs, onde os Deuses do Olimpo saíram vitoriosos. Júpiter passou a governar os céus, Netuno, os mares e rios e Plutão, o reino dos mortos.
Ceres, irmã de Júpiter e conhecida no panteão grego como Deméter, era venerada como a Deusa da Agricultura, a mãe nutridora e sustentadora da vida. Ela e sua filha Proserpina (Perséfone na mitologia grega) decidiram sair da terra dos Deuses e viver junto à humanidade. A alegria delas por terem uma a outra era tão intensa que abençoaram a terra com muita fertilidade e a humanidade passou a ter uma colheita permanente. Não havia inverno e nem escassez. Sua filha cresceu e as duas continuavam muito unidas, até que um dia Proserpina, desaparece. Ceres procura por ela intensamente, mas ninguém tem notícias de sua filha e nem pistas sobre o que aconteceu. Desesperada e enfurecida, Ceres desconecta a sua energia de nutrição da terra e, com uma tocha na mão, passa a procurar sua filha e a sofrer com essa ausência.
Neste período Ceres se refugia na cidade de Eleusis onde presenteia a humanidade com os ritos eleusianos, que, posteriomente deram origem aos Mistérios de Eleusis, o maior rito iniciático do mundo antigo onde as pessoas enfrentavam seus medos referentes a morte e ao renascimento.
Os campos perderam a sua riqueza e a humanidade passou a sofrer com a fome, os mortais imploram a Júpiter que convencesse Ceres a devolver à terra o dom da fertilidade. Ceres, na total presença de seu poder, se recusou a ajudar enquanto não encontrasse sua filha. Proserpina, que havia sido raptada por Plutão, já não era mais a mesma, havia se tornado a Senhora do Mundo dos Mortos, e, mesmo assim, Ceres fazia questão de estar com ela novamente. Para que isso fosse possível, fizeram uma negociação e chegaram ao acordo de que Proserpina ficaria 6 meses com a mãe e os outros 6 meses retornaria ao Mundo do Mortos.
A figura mitológica de Ceres/Demeter é associada, também, a outras deusas da fertilidade de culturas mais antigas (Inanna, dos Sumérios; Ishtar, dos Semitas; Isis, do Egito; Rhea, dos Minoanos; Tara, dos Budistas e Gaia, que corresponde ao atual nome de nossa Terra). Todas são ligadas ao conceito da Mãe Nutridora, que assegura a continuidade da vida e o renascimento após a morte, em um ciclo eterno.
Na astrologia existem 4 asteroides que estão relacionados a aspectos da expressão feminina: Ceres, Pallas Atena, Juno e Vesta. O estudo desses astros ainda é “recente” e, muitos astrólogos preferem se dedicar, apenas, aos astros e planetas mais tradicionais. No entanto, para as mulheres que estão envolvidas no resgate da força e do sagrado feminino, esses asteroides, podem trazer informações valiosíssimas a respeito de suas qualidades e forças femininas.
Ceres representa, no mapa de nascimento, uma energia extremamente poderosa, pois é a própria mãe natureza, capaz de dar a nutrição de uma forma natural e fluida de acordo com o signo, casa e aspectos do mapa, mostra “o quê” você é capaz de dar ao mundo como uma colheita constante.
Atualmente, alguns astrólogos adotam Ceres como regente do signo de Virgem, mas existem estudos que mostram que suas qualidades estão presentes, também, no signo de Câncer e no eixo Touro/Escorpião.
Ceres, como Mãe provedora e princípio de amor, que nutri o corpo físico, o emocional e o espiritual, está relacionada com signo de Câncer e, no mapa, pode simbolizar a função maternal, a forma como nos nutrimos na infância e como nos expressamos como mãe/pai. Está ligado, também, ao amor materno incondicional representado por este signo. Portanto, a leitura de Ceres no mapa contribui com informações sobre a função maternal e complementa o contexto já trazido pela Lua natal.
No mito, ao se separar de sua filha, Ceres vivencia a força do apego, da perda, da morte, do renascimento e do sofrimento, e estas qualidades estão relacionadas com o eixo Touro/Escorpião e trazem o aprendizado de que as perdas temporárias prenunciam a renovação, a regeneração e a promessa do eterno retorno.
Na energia de Virgem, Ceres está relacionada aos ciclos da natureza, à sazonalidade, à alimentação que fortalece o corpo. Muitas vezes a posição de Ceres vai indicar onde a pessoa enfrentará a falta e a abundância, então a recomendação é que se busque o equilíbrio das energias do signo e casa onde Ceres se encontra, alguém que possua esse asteroide no signo de Virgem, por exemplo, teria que buscar o equilíbrio entre o trabalho e o repouso.
Mas, de uma maneira geral, Ceres indicará a qualidade de seu poder nutridor, em Áries o poder de nutrir a autossuficiência; em Touro, a estabilidade ou perseverança; em Gêmeos, a agilidade na comunicação; em Câncer, o cuidado atencioso; em Leão, a autoconfiança; em Virgem, a materialização; em Libra, a cooperação e harmonia; em Escorpião, a intensidade e profundidade; em Sagitário, a motivação e expansão; em Capricórnio, a determinação e realização; em Aquário a liberdade e solidariedade; em Peixes, a compaixão.
Para quem desejar se aprofundar, sugiro a leitura do livro Asteroid Goddesses, de Demetra George e Douglas Eloch.
Maravilhoso este texto!