Desde 2015 o mês de setembro foi escolhido para promover a discussão sobre a prevenção ao suicídio e aumentar a conscientização sobre a importância de abrirmos os corações e a escuta uns para os outros. Um dos grandes desafios de hoje é ter tempo e disposição para ouvir com uma escuta interessada, o que faz muita diferença.
O número de suicídios e de casos de depressão está aumentando no Brasil e isso, na minha opinião, está intimamente ligado ao nosso atual cotidiano de trabalho, escola, atividades e exigência de velocidade e eficiência. E, portanto, é muito interessante que as pessoas se questionem a respeito de suas atuais vivências, suas relações sociais e se esforcem parar abrir espaços em seus dias para a reflexão e para um viver mais interessado e interessante no mundo.
Neste mês, divulgamos a palestra da psicóloga e educadora Isabela Crema que trata sobre as dificuldades do período da adolescência, que é essa fase de transição tão pouco compreendida. Nesse material, a depressão e o suicídio são abordados como sintomas de algo mais profundo que esteja acontecendo e, apesar do olhar direcionado aos jovens, as reflexões trazidas servem para todos que fazem parte de uma sociedade.
Acredito que para os pais ou educadores, lidar com esse período da adolescência é um desafio, principalmente por trazer assuntos como drogas, sexualidade e a necessidade de eles se dedicarem para ter um bom desempenho na vida (não só escolar); mas o que percebi é que essa é uma visão adulta desse contexto e, por o jovem não se ter desenvolvido por completo (ele ainda não possui maturidade física e nem química) não pode ser cobrado para compreender este olhar. Este olhar é de um adulto e quem está vivendo a adolescência é um jovem que quer descobrir o mundo, que quer descobrir quem é ou quem poderá ser e essas descobertas são um direito dele. Aos pais e educadores cabe, principalmente, a escuta interessada e a orientação adequada; mas, infelizmente, o que mais acontece é a imposição de escolhas e o costume de menosprezar as visões, desejos e vivências por ainda serem imaturas. E, por isso, a importância de trazer algumas reflexões como “O quão disponíveis os pais estão para lidar com a adolescência de seus filhos?”, “O quanto os jovens estão sendo ensinados a conviver em sociedade e a assumir suas responsabilidades?”, “Que liberdade os jovens possuem para desenvolver suas potencialidades nos dias de hoje?”, “Que incentivos eles recebem para se conscientizarem do enorme poder de ação que eles possuem?”.
Então, aqui fica a sugestão para assistirem à palestra “Educação e Juventude: o Desafio da Escuta.” e a minha colaboração para esse setembro amarelo. Que, cada vez mais, seja possível dialogar sobre tantos momentos difíceis da vida e sobre esses assuntos sigilosos importantes.
A discussão e a conscientização são ferramentas fundamentais para atuarmos na prevenção do suicídio. Pelos números oficiais, são 32 brasileiros que morrem por dia, taxa superior às vítimas da AIDS e da maioria dos tipos de câncer. Além desse número alarmante, acredita-se que a cada 10 casos, 9 poderiam ser prevenidos. Mas isso só será possível se mais pessoas se dispuserem a vencer a barreira do “sem tempo” e se envolverem mais com a vida dentro da sociedade em que estão.
Links para mais informações:
www.setembroamarelo.org.br
www.iasp.info
www.cvv.org.br
http://www.abp.org.br/