Em busca da profundidade

A importância de não desejar atender a expectativas externas

Flor com tons de amarelo e laranjaÉ comum a vida corrida de hoje em dia ser guiada pelos acontecimentos, conceitos e ciclos já conhecidos, padronizados, como a ideia de que, se está terminando a faculdade, está na hora de fazer concurso; se conseguiu um emprego bom, está na hora de casar; se está há mais de dois anos casado, está na hora de ter filhos; e outras como: se tem dinheiro, tem que ter um carro; se quer ser bem sucedido, tem de escolher um curso universitário que “dê dinheiro”. Desde a adolescência as pessoas são incluídas em uma rotina carregada de atribuições e expectativas, acostumam-se a “focar” no que é necessário no momento para “garantir” o seu futuro e ficam sem tempo para reflexão, criação ou conexão com sua essência. A vida prossegue nesse ritmo intenso e, acreditando que assim deu e dá certo, continuam a trilhar a vida adulta dessa maneira. No entanto, uma das graves consequências desse comportamento “predefinido” e desconectado das reflexões sobre o sentido da vida é a crença de que o importante na vida é atender a essas expectativas. E, quando o foco da vida fica atrelado a uma visão vinda de fora, seja das pessoas próximas, seja da sociedade como um todo, as escolhas acabam guiadas pelo meio, e alguns medos podem tomar uma dimensão maior do que a aceitável e bloquear nas pessoas sua liberdade de ação, pois não enxergam como viáveis outras possibilidades.

Para quem está acostumado a atender expectativas alheias, esses medos, principalmente de decepcionar as pessoas queridas, de não aceitação por não atender às exigências do grupo, de ser ridicularizado ou humilhado, acabam crescendo e impedindo que se tentem novas saídas ou que se experimentem novas atitudes. Esses receios são como as correntes que seguram os elefantes de circo pelos pés: os elefantes possuem força suficiente para quebrá-las, mas não sabem disso, porque são presos dessa forma desde pequenos, quando não tinham forças para quebrá-las, e então se acostumam a não tentar mais.

Para romper com essas crenças limitantes é necessário, primeiro, prestar atenção em si, e é nesse ponto que entra a importância da “escuta interna”, a importância de estar em contato com os seus desejos, de conhecer suas forças e suas fragilidades, de ter consciência sobre o que se quer e o não se quer. Para as mulheres, é preciso honrar os seus ciclos femininos e trazer de volta o foco, a importância da atenção na vida para o seu ser. Um exemplo simples é que nós, mulheres, somos levadas a acreditar que temos que ser bonitas para agradar os outros e para ser queridas, e a verdade é que, quando expressamos a nossa própria beleza em essência, atraímos aquelas pessoas que vibram na mesma sintonia. Quando estamos fortalecidas em essência, a nossa luz-energia se expande e alcança muitos outros, e isso é muito mais significativo que agradar aos olhos.

Céu com tons de azul e laranja rosado. E silhuetas negras das árvores e vegetação próximas ao lago.No momento em que se consegue acessar esse diálogo profundo consigo mesma, o termômetro, usado para medir se “está tudo bem”, deixa de estar posicionado no outro e passa a estar posicionado em si. E, quando a alegria deixa de vir por ter atendido a expectativas alheias e passa a vir por ter alcançado as próprias expectativas e sonhos, o caminho para o sucesso e a realização pessoal começa a fazer sentido para a alma. A visão do futuro passa a ser mais abrangente, pois passa apenas pelo seu filtro pessoal do que é certo e errado ou para onde se quer ou não ir, e, com isso, se conquista a capacidade de direcionar a própria vida, pois suas atitudes passam a ser guiadas de acordo com os seus desejos e planos.

Atingir essa maturidade exige força, vontade, confiança e entrega, e muitas vezes é necessário conquistar cada degrau dessa escadaria, mas, para quem já está caminhando nessa direção, certamente o movimento do Universo e da Vida lhe será favorável, pois o contato com a própria essência traz também essa conexão com a essência e com a dinâmica do Todo.

Léa Beatriz RMA

2 Comments

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2 Responses to Em busca da profundidade

  1. Juliana Giraldes Delaix

    Muito lindo e verdadeiro! Ouvir a escuta interna deve ser exercido diariamente e a todo momento, pois acredito que somente assim seremos plenamente inteiras e conscientes

  2. Marcia Cecília Badke

    Gostei muito do texto. Pura verdade!

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